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É de pequenino que se torce o pepino

Eu não tenho Tik Tok. Não dá. É rede demais. Mas, claro, o que viraliza lá eu acabo vendo. Até porque cai em outras redes, vira notícia nos portais, tem amiga que manda, enfim, o que tá “bombando” eu fico sabendo. Como a história do publicitário que fez uma pegadinha com o pai, cometendo erros horrendos de português. Foi muito engraçado. O cara é um ator nato. E o pai, comédia.

Mas vamos ao fato do dia. Todo esse blá blá pra contar que foi do Tik Tok que veio. Uma mãe americana cansou de ver o filho achar que arrumar o quarto é trabalho dela, é trabalho de mulher. E resolveu dar uma lição na criança, que tem cinco anos. Todos os dias Tabatha Marie pedia ao filho para guardar seus brinquedos. O fazia com doçura, explicando da importância de manter seu quarto arrumado. E o pequeno apenas respondia que não, que não iria fazer, que isso era função DELA. Ora, vejam só. A mãe limpa a casa, faz a comida, bota pra dormir e ainda tem que arrumar a bagunça que ele faz? E o quarto, sinceramente? Uma zona! Ela filmou. Pra gente ver. Cara, desesperador.


Tabatha explicou várias vezes sobre a colaboração familiar, sobre os diferentes papéis que cada um deve exercer dentro de um lar. Ele já tem condições de entender. Na minha opinião, tem demais. Fora o fato de que a mãe tem outro filho, de apenas um ano. Se ele apenas enrolasse, dissesse que iria fazer depois, ou simplesmente não falasse nada, dava até para amenizar a discussão sobre o entendimento de mundo da criança. Mas ele argumentava, dizendo que esse era o papel dela, como se fosse obrigação da mulher guardar, arrumar, organizar a bagunça dele, pequeno projeto de homem.


Então, ela, preocupada, resolveu dar um jeito naquilo. Por não querer criar um homem desrespeitoso e folgado, ela pegou todos os brinquedos espalhados pelo quarto, colocou em sacos e jogou no lixo. A ação foi toda registrada. “Quando você espalhar algo, precisa recolher; quando sujar, precisa limpar; e toda vez que vir sua mãe lutando, precisa ter a iniciativa de ajudá-la”, diz na gravação.


Tabatha pode ter sido dura sim. Inclusive ela diz que sofreu muito ao ver a reação do filho. Mas não se arrepende do que fez. Acredita na lição como uma forma de aprendizado, que estava ensinando algo mais profundo ao primogênito. Eu, particularmente, concordo. Aqui em casa sempre foi assim. Durante essa pandemia, meus dois filhos e meu marido dividem as tarefas de casa comigo sem o menor problema. Porque acho que, apesar de ter cometido muitos erros como mãe, sinto que acertei ao trabalhar a questão da empatia. Nem precisei abordar essa questão da mulher. Apenas o fato de nos colocarmos sempre no lugar do outro. E funcionou.

A americana teve apoio de alguns pais internautas, que apostam nessa estratégia como um jeito eficaz de ensinar algo maior para os filhos, mesmo usando uma abordagem mais dura. A grande maioria das repercussões, no entanto, foi negativa. Os pais que se manifestaram acharam a atitude muito cruel, acreditando que o que ela fez não foi uma forma de ensinar, mas sim de punir. Outro argumento usado foi o de que o menino é muito novo para arrumar o próprio quarto sozinho e de que Tabatha deveria ajudá-lo, mostrando como se faz.


Eu, do meu lado aqui, acho que ela deve ter feito isso pelo menos uma centena de vezes, antes de jogar os brinquedos dele no lixo. Mas aí é uma longa discussão, que passa por desenvolvimento da inteligência emocional e consciência das crianças, imposição de limites, etc e tal. Porque a gente entra em outro tema, que é a educação permissiva. Com medo de serem autoritários, muitos pais seguem por esse caminho. E as consequências, a meu ver, são desastrosas. Mas isso realmente é assunto pra outro post.


A linha é tênue e muitos pais não vão concordar comigo, não vão achar que estão fazendo isso com seus filhos. Tabatha resolveu não arriscar. Eu acho que ela está certa. E que o filho dela tem tudo para se tornar um homem respeitoso, empático e colaborativo. As mulheres que vão conviver com ele agradecem. Com os meus também, sem falsa modéstia. Tamo junta, Tabatha!


Para saber mais:

A cada dia mais se escuta falar sobre o feminismo, mas isso não quer dizer que as pessoas saibam mais sobre igualdade. É só passar os olhos por várias manchetes para nos darmos conta de que, nos dias de hoje, ainda não se tem claro o que a palavra significa. Conforme o dicionário da Real Academia Espanhola: “Ideologia que defende que as mulheres têm de ter os mesmos direitos que os homens”.


Neste tema, como em muitos outros, não se trata apenas de falta de informação, mas também de educação. Mas, como se educa no feminismo? Esse é o desafio que a premiada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie se impõe em seu novo romance Para Educar Crianças Feministas – Um Manifesto. Trata-se de uma emotiva e reflexiva carta a uma garota que acaba de ser mãe, na qual a autora recolhe quinze conselhos sobre como deve educar a criança na igualdade e respeito, para rejeitar estereótipos e lutar por uma sociedade mais justa.


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