Em abril divulgamos no blog o Pequeno dicionário feminista - parte 1 . O objetivo foi esclarecer sobre vocabulários que nem sempre são tão claros para todas as pessoas, inclusive para mim. E como disse lá, algumas palavras importantes ficaram de fora, então vamos para a parte 2.
Objetificação: quando uma pessoa é reduzida à condição de objeto. No caso da objetificação feminina, a mulher é limitada à consideração da sua beleza física e de seus atributos sexuais. Dessa forma, sua existência como pessoa, como sujeito dotado de pensamentos e sentimentos, é anulada.
Para escutar um PodCast muito interessante sobre Objetificação, acesse:
Empoderamento
Segundo o dicionário, é a "Ação ou efeito de empoderar, de obter poder.". Já o empoderamento feminino está ligado a uma consciência coletiva por parte das mulheres e é constituído de ações tomadas por mulheres que não se deixam ser inferiorizadas pelo seu gênero e tomam atitudes que vão contra o machismo imposto pela sociedade.
Masculinismo
Movimento que procura a igualdade entre o homem e a mulher da perspectiva masculina. Os masculinistas se queixam de que o feminismo busca a igualdade do ponto de vista da mulher e pretendem obtê-la defendendo os direitos e necessidades dos homens, assim como os valores e atitudes consideradas como tipicamente masculinas. Miguel Lorente, em artigo publicado no Huffpost, faz esta interessante reflexão: “A estratégia atual do machismo é o post-machismo, essa tentativa de revestir de neutralidade as suas exigências e reivindicações a fim de criar a confusão necessária que gere dúvida, passividade e faça com que tudo continue igual. E o post-machismo sabe que a batalha da linguagem é essencial para defender posições e definir realidades, daí o seu interesse, desde o começo, de se contrapor ao feminismo dizendo que este era o mesmo que o machismo.
Para saber mais:
Manspreading
Já alguma vez lhe aconteceu ir nos transportes públicos toda encolhida porque o homem que viaja sentado ao seu lado vai de pernas abertas e ocupa metade do seu lugar? Ora bem a esse ‘fenómeno’ chama-se ‘Manspreading’. Tudo começou em maio de 2013 com o tumblr ‘Men Taking Up Too Much Space on The Train’. A conta, tal como o nome indica, ilustrava um problema real de muitos nova-iorquinos: os homens que viajavam de pernas abertas nos transportes públicos.
Apesar de na altura ainda não haver um temo específico para o fenômeno em questão, a conta depressa ganhou popularidade nas redes sociais por documentar um problema real com o qual milhares de pessoas lidavam diariamente. Só em agosto de 2014 é que surgiu, finalmente, o conceito de ‘manspreading’.
Teto de vidro
É costume usá-la para indicar a existência de um objetivo visível, mas protegido por um escudo intransponível. Por exemplo, um negro que enxerga uma possível promoção no trabalho, só que sempre esbarra em um "teto de vidro" inquebrável. Não passa pelo obstáculo. O que é teto de vidro no feminismo? Caracteriza-se pela menor velocidade com que as mulheres ascendem na carreira, o que resulta em baixa participação de mulheres nos cargos comando das organizações e, consequentemente, nas altas esferas do poder, do prestígio e das remunerações.
Conheça o “Teto de Vidro”: jogo de ascensão profissional para mulheres. Veiculado pelo canal Comedy Central como uma sátira de todos os desafios que as mulheres enfrentam em qualquer empresa, a propaganda do tabuleiro se inicia com três garotinhas jogando uma partida: "Você pode ser qualquer coisa que quiser ser, quando você é uma mulher no mundo corporativo."
Bropriating
Bropriating (originalmente Bropropriating) é um neologismo em língua inglesa formado pela junção do prefixo bro (de brother, aqui no sentido de “cara”, como na gíria) e propriating (da palavra appropriating, apropriação). Criado no âmbito do feminismo, Bropriating se refere a situações, em sua maioria profissionais, em que homens tomam para si o crédito de ideias expressadas por mulheres.
Uma forma clássica de Bropriating vem precedida da interrupção da fala de uma mulher por um homem (o chamado Manterrupting) que, em seguida, a repete como se fosse sua. É comum que use artifícios como postura de propriedade, variações no tom de voz, na escolha de palavras etc. Outra forma usual de Bropriating é o silêncio após uma mulher propor algo (em uma reunião, por exemplo) e, pouco tempo depois, o mesmo ser proposto por um homem e, então, ser recebido como uma ótima ideia.
Gaslighting: é uma forma de abuso psicológico usada por homens para convencer a mulher de que ela está louca, invalidando seus sentimentos. É comum em relacionamentos heterossexuais abusivos. O termo surgiu a partir do filme Gaslight (À Meia Luz), de 1944. Para esconder um segredo da esposa, o marido da protagonista usa táticas para abalar o estado psicológico da mulher, convencendo-a de que está louca.
Slutshaming: usada para identificar discriminações sobre mulheres ou meninas a partir de estigmas sexuais. O slutshaming pode ser feito tanto por homens quanto por mulheres – como, aliás, outras práticas machistas. Por exemplo, quando alguém discorda de uma mulher e usa palavras como “vadia” ou “vagabunda” para xingá-la. A palavra “slut” é usada para se referir a mulheres com comportamentos considerados promíscuos pelo papel de gênero imposto pelo machismo. Enquanto “shaming” vem da palavra “shame”, em inglês, que quer dizer vergonha.
Espero que, assim como eu, você tenha aprendido alguns conceitos novos com esse post!
"Não existe transformação sem aprendizado e conhecimento."
Referências:
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